quarta-feira, agosto 21, 2002

Sabe o que eu tenho sentido? Medo.
Medo de acordar e descobrir que não é real, porque está tudo
andando muito certinho, tá tudo muito perfeito.
E é estranho, porque eu estou envolvido ao ponto de perder a
noção de tempo, de esquecer todo o resto.
Vejam que situação: eu tenho o péssimo custume de dar meu celular,
chaves e outras coisas que façam volume no bolso para as meninas
que estão com bolsa guardarem. Pois bem, até sábado ainda não
havia acontecido de eu me esquecer de pedir de volta depois.
Eu só me lembrei porque quis ver que horas eram, e tomei um
susto quando vi que meu celular não estava comigo. Ainda pensei
em deixar pra pegar outra hora, até me lembrar que as minhas chaves
também estavam com ela.

E tem umas coisas assim que eu nem estava sentindo falta, porque
já havia me esquecido, mas que é muito bom. Sentir que a outra pessoa
gosta realmente de você, que adora o seu jeito de ver e fazer as coisas,
realmente, isso não tem preço.

Eu passei muito tempo me bastando só no fato de amar incondicionalmente
outra pessoa. Ser amado, ser querido pra quê, se pra mim já basta o que
eu sinto por ela?
Eu paguei um preço muito caro por essa besteira. Me iludi demais, por tempo
demais, e o pior é que no fundo eu sabia, mas a verdade é que há coisas em
que se percebem claramente, e nas quais não se acredita.
A mente, a ilusão, o Maya, venenos poderosos que corroem a realidade
sutil percebida pelos sentidos.

Mas enfim, eu não tenho do que reclamar não... O destino sempre me foi
favorável, mesmo eu achando que não merecia. Como eu gosto de falar,
e apesar de ser a pura realidade as pessoas odeiam, eu tenho sorte.
E isso faz toda a diferença...