quinta-feira, abril 05, 2001

Ontem eu vi uma daquelas cenas que mostra bem o clima de
decadência musical da nossa nação. Estava zappeando entre
um e outro canal na casa da minha namorada (eu não tenho
tv em casa), quando parei no Programa Livre com a Babi.
Era o exato momento em que entrava em palco o grupo
É o Tchan. Mas algo não batia, o ritmo era de funk e não axé.
Qual foi a minha surpresa em perceber que o playback era uma
música do própio grupo. Aquilo me deixou de queixo caido.
Inacreditável! Até que ponto chegam as pessoas para poderem
se vender? Eu sei que É o Tchan é algo sem compromisso nenhum
com algo que se possa chamar de música, meramente um produto
de mercado, mas ver um grupo de axé cantando funk me embabascou.
Tem que ter muita cara-de-pau pra se prestar a tamanho papelão.
E o que é pior: o funk deles ficou horrível! Sabe uma coisa que
não cabe? Pois é, não está cabendo. Eu odeio funk, mas quando
eu vejo um cantor(a) de funk dá pra perceber que há uma atitude,
a pessoa ali é funkeira, tem uma raiz, podre na minha opinião, mas
que está ali, está. Há um traquejo, uma acidez nas letras, um
despojamento quanto às pretensões. É o Tchan não tem nada disso.
Não quero tecer aqui considerações sobre a vendagem deles, posto
que o que se vende ali mesmo são as dançarinas seminuas, como
sempre foi, mas ficou a impressão pra mim, de fundo do poço.
Será que os cantores baianos vão todos passar a cantar funk?
Os trios elétricos passarão a sacudir ao sabor do funk? Não quero
nem imaginar como vai ser, mas se acabar acontecendo, pra mim
não muda nada. Continuarei a ouvir meu rockão dos 70's,
e quem tem péssimo gosto musical que continue ao sabor de
"Tá dominado, tá tudo dominado!"
Que tristeza... O mundo civilizado chegou ao seu limite e não sabemos mais como parar.
Estamos cavando um túmulo cade vez mais fundo, mas não podemos parar.
Foi assim que me soou as palavras do Presidente dos EUA, Bush. Pelo menos ele é
sincero. Mostrou que o buraco é mais embaixo.
"Somos os maiores poluidores do mundo. Mas não podemos deixar de poluir porque a
economia Americana entraria em colapso. E eu acredito que uma crise americana seria
bem pior para o mundo que os efeitos da poluição que produzimos."
Gente, e eu estava apenas acordando. Percebe como é impactante acordar e ouvir essas
palavras?
Terrível, é como estar dirigindo um carro desgovernado e ter como única opção a de acelerar
ainda mais.
Há solução? Eu não percebo nenhuma. Se vocês soubessem o quanto eu me sinto culpado.
Eu já andei por muitos lugares, estive em muitas cidades, cada cantinho destes mundo mais
belo que o outro. O mundo é um paraiso, tão lindo, mas tão maltratado, tão malcuidado.
Nossa casinha no universo.
E tudo isso porque não podemos passar sem milhares de coisas supérfluas, porque temos que
ser consumistas, porque o sistema tem que rodar, o maldito dinheiro tem que rodar, e
precisamos ganhar cada vez mais do maldito vil metal. Isso para uma minoria. Porque
milhares passam fome, não têem direito nem ao mínimo para viver com dignidade.
E milhões passam fome de espírito, aqueles que vêem e não podem comprar, que
trabalham uma vida inteira para sobreviver.
Mas eu estou aqui, sozinho no meio de muitos, sem ter um lugar para ir, sem ter
como correr, ou ficar parado. Eu vago sem rumo por trilhas tortas, caminhos incertos
tentando sobreviver, sabendo que deveria era estar vivendo. Viver se torna difícil quando
sua primeira necessidade passa a ser sobreviver por mais um dia.
Mas é assim que tenho prosseguido, sem esperanças ou projetos, um dia de cada vez,
aguardando as trevas esmaecerem para conseguir vislumbrar alguma luz em qualquer lugar.
Sem grana, longe da família, em território estrangeiro, sem ter um lugar pra voltar. Ao menos
os amigos não faltam, bens mais preciosos que possuo. Mas tá barra segurar. O beco tá
cada vez mais sem saída, logo eu, que as possuia aos montes.
Sobreviver é uma arte, meio camaleônica, meio pulo do gato, mas não há arte
que se compare a viver.

domingo, abril 01, 2001

Primeiro post do mês! E também a retomada da frequência normal de posts no Blog.
Andei bem ausente, porque além de muito trabalho, rolos mil tava dando um pau no
Blogger, e eu não conseguia postar. Paciência para ficar escrevendo num blocos de
notas para depois postar, só Will tem.